sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

E de repente...30!

Quando eu tinha uns 24 anos, eu trabalhava numa gráfica rápida fazendo convites de aniversários. Lembro de ter pego uma cliente extremamente exigente com seu convite de aniversário de 30 anos. O projeto que ela me trouxe foi bem complicado de se fazer, ele tinha um 30 na capa e recortado com vinco. Foi meio difícil de fazer, fiquei o dia todo ali, fazendo testes, olhando o acabamento e por fim entreguei os convites no final do dia.
No dia seguinte, ela devolveu, dizendo que a cor não estava do jeito que ela havia escolhido (na real, o tom clareou cerca de 0.2%), mas lá foi eu refazer os convites. Mas o foco aqui não são os convites, nem a cliente exigente e sim, meus pensamentos naquele ano "E quando eu fizer 30?".
Pois é, e cá estou, completo 30 anos no dia 21 de janeiro e naquele tempo eu não fazia ideia do que imaginar o que estaria fazendo com 30 anos. E pra falar a verdade, eu ainda continuo sem saber o que estou fazendo com minha vida :S


Lembro que na época eu pensei "nossa, eu acho que vou fazer uma festa temática, tipo anos 80, ou senhor dos anéis, ou star wars, vai ser divertido". Hoje, eu moro em São Paulo, meus melhores amigos e família moram em Brasília, meus pais e meu irmão em Natal e minha irmã no Rio de Janeiro, como vou fazer uma festa desse jeito? (sem contar a constante falta de dinheiro que ainda permanece)
Na época eu também pensei "Caramba, será que vou ter feito minha pós? Mestrado? Estar bem sucedida na minha área?" Não, não fiz ainda minha pós, sonho com o mestrado e ao que tudo indica, eu nunca vou ser bem sucedida na minha área, visto que meus empregos desde que me formei, não me possibilitaram criar expectativas para tal futuro sonhador.

E ai dizem que a vida começa aos 30, a maioria dos meus amigos próximos a minha idade moram com os pais (e eu acho isso ótimo), meu primo com 40 anos voltou pra casa dos pais, tenho uma amiga de 42 anos que só "casou" agora, conheço gente que respondeu pra mim "to com 45 anos e ainda estou esperando que a vida comece" outros me disseram "a vida só vai realmente começar depois dos 50" e muita gente diz pra mim "sua vida só vai começar depois que tiver filhos" (oi?)
Então analisei esses meus 30 anos, fui uma criança chata, uma adolescente irritante e agora uma adulta infeliz. É, provavelmente vai demorar pra vida começar pra mim ou ela já começou e eu não vi? o.O


Esses dias me empolguei com a possibilidade de trabalhar em navios cruzeiros, conversei com amigos da área, pesquisei várias agencias e eu vi um futuro legal trabalhando nesse lugar. Meu único problema vai ser, se eu não conseguir me adaptar, tanto ao ritmo de trabalho, quanto ao confinamento de no mínimo entre 6 ~9 meses diretão num navio, parando em alguns lugares por poucos dias.
A ideia me deixou bem empolgada, principalmente por ver que os salários são pagos em dólares ou em euros, porém descobri que a vida lá dentro é um verdadeiro trabalho ralado, 11h de trabalho, às vezes não tem folga e você está ali preso no seu local de trabalho por cerca de 6 meses e somente falando em inglês, espanhol e outras línguas (e lidando com todo tipo de gente feat serviço).
Então, me vi sim partindo pro incomunicável, visto que na maioria desses cruzeiros não tem wifi, nem sinal, mas ainda sim o que mais me deixa receosa de meter as caras nisso, é que eu realmente não sei se vou aguentar, mesmo eu já tendo passado por várias experiências e provas, nesses meus 30 anos.


Aí concluí, que nada me segura aqui em São Paulo, concluí que por mais que eu ame meu atual emprego, ele não me dá a possibilidade de conseguir fazer minha pós ou meu mestrado e concluí também que em 30 anos eu não fiz nem 10% do que eu quero fazer. E trabalhar num navio cruzeiro, talvez vá me proporcionar não só a melhora do meu inglês (que é desenrolável, porém ruinzão ainda) como também talvez vá me proporcionar a tão sonhada pós. Pode ser que eu venha a fazer pós daqui a uns 2,3 anos, mas será que até lá eu já vou estar querendo fazer isso como agora? Será que até lá eu vou estar "bem", como agora? Ou melhor, será que eu vou estar viva até lá?


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